Quando os dias eram assim...


Há muito tempo que os dias não são assim, dantes acordavamos e não sabiamos o que o dia nos trazia, a única certeza era que iamos à escola, que iamos APRENDER... iamos curiosos, com vontade... iamos ver os amigos... jogar ao elástico, brincar à apanhada, jogar à bola. De manhã ainda com o frio a pôr a ponta do nariz vermelho, chegavamos ao recreio, corriamos e brincávamos tanto que a roupa vestida de lavado se colava às costas, ajudada também pelo peso da mochila. A mochila ia sempre muito pesada, até porque como não sabiamos o que o dia nos trazia, tinhamos que levar tudo, livros e cadernos. Depois chegava a hora e a professora chamava-nos, lá entrávamos na sala, parece que ainda me lembro dos cheiros, a aparas de lápis, a lapis de cera e plasticinas... Começavam as aulas, umas vezes com atenção, outras apenas olhando o vazio, ainda com o sono instalado... Ás vezes havia os bilhetinhos: queres ser minha namorada? sim? não? Talvez? ... às vezes a professora via o papel, as nossas bochechas ficavam vermelhas de vergonha...
Depois às vezes iamos ao quadro, outras não, às vezes tinhamos que ler em voz alta e havia também os ditados surpresa...
E...havia o recreio outra vez, o cheiro dos eucaliptos ou da terra molhada, os joelhos esmurrados, os arranhões, e as roupas sujas de tanta brincadeira...
Eram assim os dias... com estes cheiros e cores, sons de riso e de choro, mas sempre na incerteza do que viria a seguir, ou pelo menos com a ingenuidade de isso nem sequer interessar para nada, sem a certeza da responsabilidade, dos prazos, das datas limite, das assinaturas no fim das páginas, sem termos de pensar no amanhã...
Eram assim os dias... e eram tão bons...

Comentários

Mensagens populares deste blogue

como tu nunca...